segunda-feira, maio 02, 2011

Afiando as facas

Francisco José Viegas gosta de se apresentar como autor e editor. Seja!
Editores há muitos e autores ainda mais, além de que não pretendo aqui discutir o mérito ou demérito da sua actividade editorial e autoral.
Tornou-se conhecido sobretudo pela via televisiva e, sem desprimor, tem sabido tratar da sua vida.
Tem também um blogue muito visitado A Origem das Espécies, e foi agora convidado por Passos Coelho para cabeça de lista por Bragança.
No dia 16 de Abril colocou no blogue um post magnífico em que justifica a sua decisão de aceitar o convite do PSD (será que alguém lhe pediu que se justificasse?), com o título Os dias que correm.  Aí se pode ler todo um programa de governação e de (boas) intenções, que também se pode resumir na frase que escreveu sobre a necessidade de “procurar novos caminhos para a nossa vida”.
É um texto bonito que qualquer cidadão medianamente sensato poderia subscrever nos “dias que correm”
No dia 27 de Abril, coloca outro post com o título Os dogmas e a Santíssima Trindade
Desta vez começa por nos remeter para outro post de outro blogue - Dogmas para o próximo líder do PSD que é assim a modos que uma receita contra a democracia, e um conjunto de conselhos para que Passos se comporte como um ditador de opereta de século XXI. No essencial a mensagem recomenda – não dialogue, não fale à imprensa (nem aos portugueses, certamente, a menos que voltemos às conversas em família do Caetano, digo eu), despreze, despreze muito e finalmente “A espada será a sua arma. Prometa-nos a espada e venha depressa. “
Então e não é que o Francisco José Viegas fica encantado com aquilo? Diz que é oportuno e de grande utilidade, que a política é uma coisa feia e que não serve para dar alegria aos portugueses.
Termina escrevendo, e cito:
Quando ofereceram o poder ao Mestre de Avis, explicaram-lhe: prometa o que não pode, ofereça o que não tem e perdoe a quem não o ofendeu. Aprendam. Aprendamos.
Fiquei apalermada, o que não é nada de novo, mas é que eu que até já tinha lamentado não morar em Bragança para botar o voto no homem que escreveu aquela primeira lindeza, e, afinal, ele vem-me dizer que tem que aprender a enganar o povo e a exercitar o ódio e a espada.
Parece que FJV, para político de primeira vez, está até muito adiantado nos estudos e vai aprender depressa.
Foi preciso vir o Passos para tirar o génio da lâmpada. Ele há coisas...

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