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quinta-feira, março 31, 2011

Morreu o Ângelo



Era assim que todos falavam de Ângelo de Sousa; era simplesmente o Ângelo.
E o Ângelo era, a meu ver, o maior artista plástico no panorama da arte contemporânea portuguesa.
Apesar de serem as suas pinturas (aparentemente) monocromáticas, cruzadas por linhas rectas estruturantes, que o tornaram mais conhecido, nada lhe foi estranho e tudo dominou com mestria – pintura, desenho, escultura, vídeo, cinema, fotografia.
Figura maior na Arte, era também um homem singular, senhor de um humor ácido mas não isento de ternura para com a vida, o país e os homens. Era generoso e atento aos outros, que perscrutava com olhinhos vivos por trás dos óculos de lentes grossas.
Ao contrário de muitos outros conhecidos e reconhecidos, que desandam quando vislumbram alguém que os conhece porque sempre imaginam que têm alguma coisa para lhes pedir, o Ângelo não era fugidio. O Ângelo não fugia, apenas, quando estava farto, ia embora.
Não éramos amigos, mas entre nós havia empatia e confiança, bens muito raros de encontrar nos tempos modernos.
Dizer que, em tempo de empobrecimento, ficamos todos ainda mais pobres é o mais banal de todos os lugares-comuns, mas é verdadeiro. E é a única maneira que encontro de prestar homenagem ao Artista e ao Homem.
So long, Ângelo.