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segunda-feira, janeiro 09, 2012

Bendita Aspirina

Começo a semana estafadinha, até passei os últimos dias a aspirina, de tanto me azucrinarem a cabeça com o Alexandre Soares dos Santos e a Maçonaria.

Se bem percebi, mas não tenho a certeza porque tenho os neurónios em água, o Alexandre emigrou, ou pelo menos uma parte dele, como o governo recomenda. Foi em busca duma vida melhor. E então? É só mais um e parece que já lá tem os amigos à espera. A maleta era Louis Vuitton, decerto, e não foi “a salto”, logo, é um emigrante que só nos honra.
O que me chateia no homem é que tem a mania de se armar em puro, mas não será por isso que vou deixar de escolher os meus nabos na sua mercearia. Porquê tanto alarido se é tudo legal, legalíssimo? E não é esse um dos maiores encantos da Europa atual, construir trapalhadas giríssimas e legalíssimas?

Quanto à Maçonaria, aí é que não percebo mesmo nada, a não ser que há lojas de toda a espécie. Fiquei até a pensar em escrever uma carta à tal Maçonaria a sugerir-lhe que abrisse uma loja de retrosaria aqui para os meus lados.
Dava-me jeito, de vez em quando um fecho, uns botões, ou umas linhas de alinhavar, sei lá.

Parece que o negócio vai bem mas se puder ficar melhor, como o do Alexandre, só me reforça a vaga ideia que tenho dela - que faz pela vida, que se mete por todas as janelas de oportunidade que encontre entreabertas, e que o uso do avental estimula o empreendedorismo dos homens.
Ah, gosto tanto desta palavra, ainda bem que a pude escrever.
E agora vou tomar outra aspirina, a ver se aguento.

quinta-feira, março 03, 2011

Os puros


No verão de 2009, Manuela Ferreira Leite perdeu as maneiras de senhora de 70 anos, bem-educada e social-democrata, e, com elas, a elegância da linguagem na política. Adoptou o vernáculo e disse repetidas vezes – “o governo mente, José Sócrates mente”, desfazendo-se definitivamente  do tradicional “não fala verdade”.
Desde então, esta glosa parece ter virado hino nacional em época de um qualquer campeonato, e toda a gente grita “ o governo mente, o governo mentiu”.
Pensaríamos que quem faz parte do coro não devia ter telhados de vidro mas, como sabemos, e isso sabemos mesmo, tudo nesta vida é incerto.
O nosso mais querido e dinâmico comerciante, Alexandre Soares dos Santos, dono do Pingo Doce, veio há dias, qual solista do coro, dizer com voz grossa que “o governo mentiu aos portugueses sobre a real situação do país”.
Já sabíamos. Só não sabíamos que também ele, mas com subtileza, mente aos portugueses através da televisão.
A sua empresa gastou em publicidade durante o ano de 2010, €98,6 milhões para nos dizer que os preços lá são sempre baixos e que, apesar de o IVA subir 2 pontos, estes não seriam repercutidos nos preços pagos pelo consumidor.
Incautos, pensámos que o gesto do empresário merecia aplauso e que seria ele a suportar os novos custos.
Veio agora a saber-se que, de facto, o consumidor não paga o aumento do IVA no Pingo Doce, mas Alexandre Soares dos Santos também não.
Quem paga? Os fornecedores, muitos deles pequenos produtores.
Simultaneamente, também ficámos a saber que a empresa de Alexandre Soares dos Santos foi uma das que distribuiu dividendos antecipadamente para fugir às novas regras de tributação de 2011, ao contrário de muitas outras que não dão nas vistas porque os seus proprietários não se transformaram em pop-stars do mercado à portuguesa, sempre com um microfone e uma câmara apontados e prontinhos para que debitem o que lhes aprouver.
São assim os puros do sistema que falam muito em ética e abominam mentirosos.