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sexta-feira, setembro 26, 2014

Que ganhe António Costa











Ontem, na Antena 1, Maria Flor Pedroso cruzou duas entrevistas que fez, separadamente, a António Costa e a António José Seguro.

A última pergunta, igual para os dois, foi:

- António Costa, qual é a maior qualidade de António José Seguro?
- A persistência.

- E o maior defeito?
- Não vou responder, não quero ir por aí (não foi isto na forma, mas foi-o no conteúdo).

- António José Seguro, qual é a maior qualidade de António Costa?
- É um político hábil.

- E o maior defeito?
- É um político hábil.

Não se pode dizer que estas respostas sejam todo um programa, mas dizem muito sobre a índole e personalidade destes dois homens que se propõem governar-nos.

No domingo, socialistas e simpatizantes socialistas vão escolher um deles para seu candidato a primeiro-ministro.

Se estou muito cansada dum inaudito primeiro-ministro que, a juntar a tudo o que já fez e disse, descobre-se agora, é tão sério como os menos sérios que o antecederam, não estou menos cansada dum líder da oposição que se revelou pouco inteligente mas muito esperto, corporizando o pior da nossa mesquinha pequenez “tuga”.

Em política o carácter conta. E alguma inteligência é fundamental.
Que ganhe António Costa.

 

sexta-feira, fevereiro 21, 2014

Olha, afinal também é daltónico



 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sempre achei que Octávio Teixeira pertencia ao grupo minoritário de comunistas que não sofre de daltonismo e, se não consegue ver as sete cores do espectro, vê, pelo menos, umas quantas.

Foi-se-me a convicção ao ouvi-lo ontem no Conselho Superior da Antena 1.

Falando sobre a grave situação de Kiev, e também da Venezuela, Octávio Teixeira reduziu tudo aos interesses geoestratégicos das potências, e chegou a dizer que os Estados Unidos querem fazer na Venezuela o que fizeram no Chile − como se Obama fosse Nixon e nada tivesse mudado na vida, e no mundo, ao longo das vertiginosas quatro décadas que vão de 1973 e 2014.

Por sua vez, na Ucrânia, e para Octávio Teixeira, tudo se resume a uma luta entre os interesses (ilegítimos) dos Estados Unidos e da União Europeia, por um lado, e os (mais ou menos legítimos) da Rússia, por outro.

É absolutamente certo que esses interesses existem e são poderosos; é também verdade que os povos podem ser por eles instrumentalizados, mas não me parece que as pessoas, de qualquer parte do mundo, venham para a rua e lá permaneçam (sobretudo com temperaturas negativas) só porque sim.

Percebi ontem que para o comunista Octávio Teixeira há certezas que, para mim, são um pouco surpreendentes. A saber:

- os povos não “riscam” nada – é tudo geoestratégia.
- na sua visão a preto e branco, os maus são, em todas as situações, os EUA e a União Europeia.

E aqui, deixo-me rir.

É que eu ainda sou do tempo em que, sendo a União Soviética e a China irmãs desavindas, o PCP estava do lado da primeira. Quando ela se desfez em pó, passou a estar do lado do anterior inimigo, a China, indiferente ao seu capitalismo selvagem.

Agora, com a questão ucraniana, Octávio Teixeira volta à casa de partida e está do lado desse grande democrata, comunista e paladino dos direitos humanos chamado Putin.

E eu, posto isto, vou ali chorar um bocadinho que esta gente toda só me dá desgostos.

 

terça-feira, fevereiro 04, 2014

Portugueses no mundo


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Eu já aqui escrevi sobre ele, mas o diabo do programa anda-me mesmo a irritar. Todas as manhãs, na Antena 1, uma tal Alice Vilaça conversa ao telefone com um português que está fora – “portugueses no mundo”, assim se chama a rubrica.

Nela, todos os entrevistados estão fora do país porque responderam a inopinadas oportunidades, todos estão felizes, todos acham a experiência muito positiva, todos têm saudades da família, do sol, do café, do bacalhau e tal.

Quase todos são formados, mestrados ou doutoradas, quase todos estão entre os vinte e muitos e os quarenta e poucos anos, todos são felizes, apreciados, bem remunerados e, com uma tal imagem construída, todos devem ser lindos de morrer, penso eu.

Entre os portugueses no mundo não há falhados, ou tipos simplesmente sem sorte, não há um só trolha ou ajudante de cozinha, ou alguém que não consegue adaptar-se, ou ainda alguém que deteste o chefe e os indígenas locais; muito menos há alguém que possa morrer às mãos de energúmenos xenófobos nos arredores de Londres por ter tido de dormir na rua.

É um programa feito com “emigras” de sucesso e, maioritariamente, por opção.
E não é sério, porque não vale branquear assim a realidade.

Todos sabemos que a realidade é, sobretudo, aquele português a quem perguntaram, no aeroporto e em dia de greve europeia dos controladores aéreos, se um atraso de 2 horas lhe fazia transtorno, ao que ele respondeu que não, que o que lhe fazia transtorno é ter de emigrar.

O programa dura há mais de dois anos e ataca-me cinco dias na semana. Ou seja, já ouvi pr’aí uns quinhentos a dizerem as mesmas coisas, mas verifiquei que a sua página no Facebook tem 3458 “gosto”.

Ainda bem que há quem goste. Talvez a Alice Vilaça não tenha de emigrar.
 

 

terça-feira, julho 03, 2012

Bons sem bola II

A Antena 1, no seu programa matinal e diário “Antena Aberta”, com participação dos ouvintes, tratou ontem o tema - Em tempo de crise qual é a importância da prestação do Rendimento Social de Inserção?

Como habitualmente, as opiniões foram diversas, e sabemos como a direita se tem empenhado, ao longo dos anos, a denegrir esta prestação social, chegando ao ponto de dizer que convida à preguiça.
Lá mais para o fim do programa foi possível ouvir alguém dizer mais ou menos isto:

Antes de mais, quero agradecer à sociedade em geral porque durante algum tempo beneficiei do Rendimento Social de Inserção; hoje estou a trabalhar, com todos os meus descontos em ordem, e estou a retribuir para quem precisa; e isso enche-me de orgulho”.

O nome deste excelente português (sem bola) é Carlos Gonçalves, e vive no Pinhal Novo.
Um exemplo de dignidade, brio e consciência cívica.


quinta-feira, fevereiro 09, 2012

La vie en rose

Na Antena 1 da RDP, no espaço da manhã dantes ocupado por Pedro Rosa Mendes e seus companheiros, existe agora uma rubrica sobre portugueses no mundo.

Durante alguns minutos, a jornalista fala com alguém que está a viver e a trabalhar noutro país e eu ponho uns óculos cor-de-rosa.

São sempre jovens com boa formação que encontraram um trabalho que os satisfaz. Todos falam de segurança no trabalho, organização e saudades do sol. Enfim, a vida é bela e cheia de oportunidades no largo mundo ao nosso dispor. O programa satisfaz plenamente a ideia do primeiro-ministro de que os jovens devem abandonar a sua “zona de conforto” e emigrar.

Noto, porém, que os entrevistados, não estando infelizes, ao contrário, têm saudades do país e da família. Presumo que, se aqui encontrassem maneira segura de empregar o seu inegável talento, na sua grande maioria, gostariam de estar na sua “zona de conforto”.

Reparo também que, no programa, nunca ouvi entrevistar nenhum dos muitos licenciados portugueses que mais não encontram lá fora do que a possibilidade de vender copos a bêbados de país alheio; também nunca ouvi um jovem com o 12º ano que só conseguiu ser trolha, nem um dos mais velhos que se sente enganado e bastamente explorado na sua condição de emigrante.

Mas é bom. O senhor Primeiro-ministro e o Dr. Relvas certamente gostam disto e eu, durante uns minutos, vejo o mundo em tons de rosa clarinho.