Eu sou fã da Gulbenkian.
A bem dizer,
gosto de tudo ali – dos jardins, do museu, dos auditórios, do CAM, da
biblioteca, dos cafés e restaurantes, da livraria Almedina dentro do CAM − e
continuo a achar que aquele é um espaço único na cidade.
Porém, às
vezes também me merece reparos e críticas, o que nem é de estranhar, posto que
é dirigida pelos mesmos de sempre, aqueles que saltitam entre governos, bancos,
fundações, empresas públicas, como é agora o caso do banqueiro Artur Santos
Silva, e que, obviamente, têm a cabeça orientada no sentido inverso da minha.
Vem isto a
propósito das várias obras que têm vindo a ser feitas no espaço da Fundação,
com destaque para a inauguração, no último fim-de-semana, do renovado Auditório
1 e zonas adjacentes.
Há cerca de
um ano escrevi aqui que, nas actuais condições, cabia à Gulbenkian “voltar a ser o oásis e o motor da nossa vida
cultural, com iniciativas que nos galvanizem e nos façam acreditar que há vida
para além das crises. Não é o que se está a passar no CAM.” (Post de 25
Março 2013)
Pelos
vistos, o dinheiro nunca faltou para que tal se concretizasse, dado que,
segundo o Público, o conjunto das obras custou 45 milhões de euros; o que
faltou foi fazer essa escolha. Ao contrário, a Fundação escolheu investir em si
própria, em vez de investir nos criadores portugueses, que andam à míngua, ou
numa programação do CAM integrada nos circuitos internacionais, coisa que nunca
sai baratinha.
Temos,
assim, um auditório que era muito bom e que passou a excelente.
Ao mesmo
tempo, o CAM inaugura exposições quase só com a prata da casa.Ainda não vi as que inauguraram na semana passada, talvez até sejam boas mas, para já, quando no jardim passo por esta escultura Rui Chafes, até tenho pena de não ser pombo.
É tão
triste, o tempo que vivemos…