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terça-feira, junho 18, 2013

Mao Tsé-Crato e o Grande Salto em Frente

Nuno Crato não é fascista, nem sequer protofascista, afirmo-o eu aqui.

Com a confusão que armou ontem à volta da greve dos professores, tentando um óbvio braço de ferro que jogava com o medo dos professores e a fragilidade dos alunos mas que, na prática, apenas pretendia mostrar quem manda, Crato esclareceu, finalmente, que continua maoísta como na sua juventude.

Ao chegar ao governo deve ter-se convencido que ia fazer com que a Educação, neste país, desse finalmente o Grande Salto em Frente.

Se Mao Tsé Tung mandou apanhar e entregar ao Estado todo o prego, parafuso e asa de tacho para com eles fazer fazer aço, já o patrão Crato convocou todos os seus funcionários para fazer os exames.

O aço de Mao Tsé Tung não era aço, era uma grande bosta.
Uma grande bosta é, também, a actuação de Nuno Crato.

Apesar do enorme falhanço do Grande Salto em Frente, que matou muitos milhões de chineses, Mao manteve-se no poder.
Crato também.

Mas um dia Mao morreu, e hoje a China sabe fazer aço.
Crato também não durará muito mais (na pior das hipóteses, dois anos).

Nada é eterno, mas é absolutamente seguro que todos os países, em algum momento da sua história, vivem tempos negros com governantes miseráveis.
Depois, geralmente, passa.

Nota: Imagem roubada ao blogue AventarNuno Crato, a dama de lata


quarta-feira, março 06, 2013

Tarte sueca

Segundo o Público de ontem “A IKEA Portugal garantiu que não foram comercializados em Portugal os lotes de uma tarte de chocolate na qual as autoridades chinesas detectaram um nível excessivo de coliformes fecais.”

O fornecedor é sueco e eu nem me dou ao trabalho de ir ver o que são ao certo coliformes fecais, mas…não me cheira bem.

Os suecos e outros povos “avançados” do Norte trataram de infestar a Europa com regras alimentares que mandaram os nossos produtos para o desemprego e substituíram-nos por outros que não sabem a nada.

Nós por cá, bons alunos e bons polícias, mandámos a ASAE do bigode dizimar os restaurantes chineses e mostrar na televisão que eles não obedeciam às regras suecas.

Agora, o grande mercado chinês detecta coliformes fecais na tarte sueca.

Fecha-se, assim, o círculo, e se não fosse triste eu podia até rir-me deste capitalismo global, modernaço, hipócrita e ganancioso, bem representado no meu imaginário, não por uma tarte, mas por um enorme …vá lá, coliforme fecal.

quarta-feira, janeiro 23, 2013

Notícias do Oriente


A “velha Europa” tem que mudar para ser mais competitiva, deve parecer-se mais com os tigres asiático, não é?
Lá, nos tais tigres, é assim:
Dois minutos para mijar, na China, e um para morrer, Japão.
Olha, nem sei por que ainda me indigno.

quarta-feira, dezembro 28, 2011

Cupidez alemã

Na nossa imparável marcha para vendermos os dedos depois dos anéis, a EDP lá foi vendida aos chineses. O governo disse que ia privatizar, mas apenas mentiu mais uma vez; aquilo foi apenas a venda dum Estado a outro Estado.

Não lamento a venda à China, apenas lamento a própria venda.

Todos temos alguma desconfiança em relação à China, e eu não sou exceção. Sabemos que é um gigante, que crescerá cada vez mais, que em breve será o país mais poderoso do mundo, mas também sabemos que é uma ditadura de partido único, dito comunista, onde vigora o mais puro dos capitalismos selvagens. Tudo, portanto, um pouco estranho e muito, muito assustador.

Porém, fiquei contente por a venda não se ter feito à alemã E.ON.
As políticas punitivas e de miséria que a Alemanha nos impõe, mais os juros usurários que nos cobra, devem ter levado os alemães a pensar que aos miseráveis, aos famintos e aos sem esperança se compra tudo por bom preço e que, chegando a hora, eles abocanhariam a EDP por tuta e meia.

O chairman da E.ON, de seu nome Teyssen, chegou a dizer que “a criação de valor do investimento na EDP não justificava um aumento da oferta”.
Pois! Estão verdes… E eles só nos queriam fazer um favor.

Fico desconfortável com os chineses na EDP?
Fico.
E se fossem os alemães?
Bom, se fossem os alemães também.
A verdade é que, hoje em dia, confio tanto num membro da União a que pertencemos como num chinês.

terça-feira, agosto 30, 2011

Dear Steve e companhia

Eu sei que isto não interessa nada aos fervorosos adeptos de Steve Jobs e dos seus brinquedos, mas interessa-me a mim e, agora que tanto se falou dele, também eu quero lembrar algumas coisas.
É fácil fascinarmo-nos com os itudo (iPod, iPad, iPhone), mas convém não esquecer o que está por detrás deles e, lamentavelmente, não é só a criatividade do dear Steve. Se os podemos comprar relativamente baratos, dada a quantidade de habilidades que fazem, e assim encher os bolsos do Jobs e companhia, é porque centenas de milhar de chineses são escravizados nas fábricas da Foxconn.
Esta fábrica nasceu em Taiwan e é hoje a maior fabricante mundial de componentes electrónicos. Instalou-se na China em 1988 na cidade de Shenzhen. A 30 minutos desta cidade situa-se o grande complexo da fábrica onde trabalham 300 000 pessoas; não só trabalham mas também vivem, porque a fábrica oferece alojamento e outras “mordomias” como piscinas, por exemplo, que ninguém consegue usar porque é frequente cada operário ter um horário semanal de 80 horas. No ano passado, mais de uma dezena de jovens operários suicidaram-se e muitos outros o tentaram. As condições de trabalho nessas 80 horas são desumanas e de tal modo repetitivas que me fazem lembrar, segundo as descrições, os “Tempos Modernos” de Chaplin – não se consegue parar a mão quando se sai do trabalho.
Em consequência da onda de suicídios, foi ponderada a diminuição do número de horas de trabalho e um aumento do salário que, em média, é de 90 dólares por mês.
Claro que a Apple não é a única cliente, tem boas companheiras na HP e Sony, por exemplo.
Quando nos divertimos com os nossos brinquedos inventados pelo Steve e simultaneamente nos queixamos da vida, seria bom que nos lembrássemos que ainda vivemos na melhor parte do mundo mas que, se não tomarmos conta dela, há por aí muita gente com vontade de a transformar numa imensa China.
Ou talvez nem cheguemos a isso, visto que o multimilionário chinês dono da fábrica, planeia, nos próximos três anos, para reduzir custos com os trabalhadores, substituí-los por um milhão de robôs.