Ontem foi um dia lixado.
Depois do Miguel Portas, "morre-me"
o Fernando Lopes. Parece que a morte só se interessa pelos mesmos que eu, e
estas afinidades perturbam-me.
Além disso, continuei a ver imagens do “caso” Pingo Doce.
O que vi e ouvi, também desmoraliza muito.
Quanto ao senhor Alexandre, neste momento (mas só neste
momento) estou-me borrifando para ele; o que me machuca mesmo são as imagens terceiro-mundistas
do interior e exterior dos supermercados.
A promoção levada a cabo pelo merceeiro, para além de
hostilizar o dia do trabalhador, não tinha como alvo os pobres, porque esses
não vão fazer compras superiores a 100 euros.
Por isso, quem acorreu foi uma classe média empobrecida mas
não miserável, com emprego por agora, gananciosa, acéfala, sem um pingo de
consciência cívica ou política, estupidificada pelo consumo e que, no mínimo, me deixa
desconfortável quando a vejo na televisão.
Sem medo das palavras, ouso afirmar que em 2012 há uma parte
da sociedade portuguesa de que me envergonho - aquela a quem falta dignidade e brio, aquela que acha normal a esmola em vez da mais
básica justiça social
E isso torna-me também mais pobre, descrente, às vezes cínica, às
vezes raivosa.
Não, eu não gosto nada disso.