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quinta-feira, dezembro 11, 2014

segunda-feira, outubro 27, 2014

Dormir com Poe












 
 
 
 
 
“Certa noite, ao voltar a casa, muito embriagado, de uma de minhas andanças pela cidade, tive a impressão de que o gato evitava a minha presença. Apanhei-o, e ele, assustado ante a minha violência, me feriu a mão, levemente, com os dentes. Uma fúria demoníaca apoderou-se, instantaneamente, de mim. Já não sabia mais o que estava fazendo. Dir-se-ia que, súbito, minha alma abandonara o corpo, e uma perversidade mais do que diabólica, causada pela genebra, fez vibrar todas as fibras de meu ser. Tirei do bolso um canivete, abri-o, agarrei o pobre animal pela garganta e, friamente, arranquei de sua órbita um dos olhos!”

Este é um pequeno excerto do conto “O Gato Preto” de Edgar Allan Poe que retirei daqui.

Lembrei-me dele, e doutros, quando no sábado li, na Revista do Expresso, uma entrevista com a filha mais velha de Paula Rego, Caroline Willing, em que ela afirma:

“A minha mãe lia-me livros de Edgar Allan Poe como histórias para dormir”.

Foi assim que, no meio duma inofensiva leitura de fim-de-semana, e subitamente, um frémito de horror e pasmo me percorreu o ser.

E interroguei-me:
 
Alguma vez te lembraste, Maria de Jesus, de pôr os putos a dormir com as histórias do velho Poe?
Nunca, nunquinha!
Porcaria de mãe que me saíste!

sexta-feira, outubro 11, 2013

Hoje não há cá modéstias












 

 
 
Hoje não há cá modéstias. E eu não sou coruja.
Mas os meus filhos SÃO DOIS ASES!
Parabéns aos dois.
Era só isso.

terça-feira, dezembro 04, 2012

A senhora na nuvem

Durante uns bons vinte anos, todos somos filhos de alguém. O menino ou a menina A ou B são filhos do senhor C e da senhora D.

Algures num tempo incerto, tudo se inverte − o senhor C e a senhora D passam a ser os pais de A ou B.

Profunda alteração, esta, que, muito prosaicamente, se pode resumir dizendo que os meninos já são adultos e os pais já estão a ficar velhos.

Se isto não tem lá grande piada, certo é que também pode proporcionar uma segunda e insuspeitada “existência”.

Por exemplo, a mãe do Herman José não teria existência pública sem o filho; Helena Sacadura Cabral sempre a teve, e continua a ter, mas ela foi potenciada pela subida à ribalta dos seus dois filhos.
Contudo, para o resto das suas vidas, ambas permanecerão, em grande medida, as mães do Herman, do Miguel e do Paulo.

Mesmo a um nível isento de exposição mediática, um filho respeitado e estimado no seu meio, quer pela seriedade e qualidade do trabalho que desenvolve quer pelo seu carácter, pode transformar o aparecimento da sua mãe numa espécie de descida à terra de Nossa Senhora da Conceição poisada na nuvem. Dar-lhe uma “existência” não expectável.

E isso é bom para quê, pode perguntar-se.
Pois, é bom para a alma, seja lá isso o que for.

Verdade, verdadinha, que dispenso o séquito de anjinhos e querubins que sempre acompanham a imagem da santa, mas lá que eu gosto muito de descer à terra encarrapitada na nuvem, lá isso gosto. E ponto final.