“Esta exposição é um
ensaio.
Um ensaio, ensinou-nos
Montaigne, é um texto que explora um objeto por tentativas, e que assim se
acerca do próprio ensaísta – sem a pretensão de argumentar uma tese metódica e
conclusiva. (…) – assim poderá ser
uma exposição.”
Paulo Pires do Vale no catálogo da exposição Tarefas
Infinitas.
Foi assim que as vi, como ensaios, as exposições de Renato
Ferrão, no Chiado 8, e de Carlos Nogueira no Centro de Arte Moderna da
Gulbenkian.
O primeiro ganhou o Prémio de Artes Plásticas União Latina
2010 e, na actual exposição, continua o seu trabalho de exploração do espaço e de
mandar às malvas os conceitos clássicos de escultura.
Tudo nesta exposição é movimento tenso e repetido, tudo é
frágil e pode cair-nos em cima – um belo ensaio
sobre os “tempos modernos”.
A retrospectiva de Carlos Nogueira no CAM é, por sua vez, o
culminar do ensaio que tem sido todo
o seu percurso artístico.
Sistematicamente fora do mainstream,
é autor duma obra tão consistente como coerente, e, para mim, das mais
originais da sua geração.
Prova dessa coerência, ao fim de mais de 40 anos de
trabalho, a afirmação proferida de que não faz distinção entre o que produziu
na adolescência e o que faz agora – “ Faço sempre uma única obra”.
Melhor do que Xanax,
mais barato e higiénico.
E, sim, há vida para além da troika e do Gaspar.