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terça-feira, outubro 09, 2012

Que se lixe a troika e o Gaspar - duas exposições


Esta exposição é um ensaio.
Um ensaio, ensinou-nos Montaigne, é um texto que explora um objeto por tentativas, e que assim se acerca do próprio ensaísta – sem a pretensão de argumentar uma tese metódica e conclusiva. (…) – assim poderá ser uma exposição.
Paulo Pires do Vale no catálogo da exposição Tarefas Infinitas.

Foi assim que as vi, como ensaios, as exposições de Renato Ferrão, no Chiado 8, e de Carlos Nogueira no Centro de Arte Moderna da Gulbenkian.
O primeiro ganhou o Prémio de Artes Plásticas União Latina 2010 e, na actual exposição, continua o seu trabalho de exploração do espaço e de mandar às malvas os conceitos clássicos de escultura.
Tudo nesta exposição é movimento tenso e repetido, tudo é frágil e pode cair-nos em cima – um belo ensaio sobre os “tempos modernos”.

A retrospectiva de Carlos Nogueira no CAM é, por sua vez, o culminar do ensaio que tem sido todo o seu percurso artístico.
Sistematicamente fora do mainstream, é autor duma obra tão consistente como coerente, e, para mim, das mais originais da sua geração.
Prova dessa coerência, ao fim de mais de 40 anos de trabalho, a afirmação proferida de que não faz distinção entre o que produziu na adolescência e o que faz agora – “ Faço sempre uma única obra”.

Melhor do que Xanax, mais barato e higiénico.
E, sim, há vida para além da troika e do Gaspar.

sexta-feira, setembro 21, 2012

Exposição

Abre hoje às 22h00 a exposição de Renato Ferrão no Chiado 8

Lendo o texto do convite, aqui transcrito, parece uma exposição que tem tudo a ver com os tempos actuais.

Texto do convite

A ideia de tensão faz parte do conjunto de interesses que tem dominado as preocupações artísticas de Renato Ferrão (Vila Nova de Famalicão, 1975). Uma parte significativa das obras que apresentou nos últimos anos explorava aquele fenómeno através de instalações nas quais objetos quotidianos eram suspensos por intermédio de cabos extensores, por vezes mesmo, de simples elásticos, criando um jogo de dinâmicas que desafiava as leis da física e reagia às características arquitetónicas das salas de exposição. Extrapolando o seu resultado visual, estas explorações concorriam num efeito que confrontava o corpo do espectador na forma de uma ameaça iminente: se, por um lado, a rutura daqueles objetos parecia ser um dado a comprovar a qualquer momento, por outro, a sua confirmação comportava um risco evidente para a integridade de todo o espectador apanhado na trajetória daquela anunciada desagregação.
O projeto que Renato Ferrão traz ao Chiado 8 amplia significativamente os processos que tem desenvolvido nesta área, juntando-lhes outros dois dos seus interesses diletos: a mecânica interna dos objetos funcionais e a qualidade da luz como a mais abstrata e a menos tangível das matérias artísticas. Partindo de objetos compósitos formados pela associação de componentes avulsos, esta exposição coloca o espectador no centro de um universo onde a destabilização dos primados escultóricos e a velada sugestão cinética oferecem vislumbres claros da violência que se insinua por entre toda a tensão.
Renato Ferrão é licenciado em Escultura pela Faculdade de Belas-Artes do Porto, cidade onde vive e trabalha e onde cofundou o Salão Olímpico – espaço independente gerido e programado por artistas entre 2003 e 2006. Das suas exposições individuais, destaque para Longa Duração, mad woman in the attic, Porto (2006), A C ack of ence, A Certain Lack of Coherence, Porto (2008), Episódio 2: Senhor fantasma vamos falar, Emissores Reunidos – Fundação de Serralves, Porto (2009) e Vida Material,
Galeria Quadrado Azul, Porto (2010). Em 2010 foi-lhe atribuído o prémio de Artes Plásticas União Latina.

Texto e curadoria de Bruno Marchand