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terça-feira, abril 03, 2012

"Vieram como andorinhas"

As minhas leituras nunca se tinham cruzado com William Maxwell; calhou agora, e só posso lamentar que tenha sido agora.
Em menos de 130 páginas o autor aborda, em “Vieram como andorinhas”, a vida duma família americana no pós-1ª Guerra Mundial e no momento da pandemia de gripe espanhola que matou milhões de pessoas em todo o mundo.
Uma mãe, um pai, dois filhos rapazes e um ou outro elemento colateral da família. A história conta-se dando a vez a cada um dos filhos e ao pai.

Bunny, o filho mais novo é tão sensível e tem uma tão forte ligação à mãe que nos lembra Proust. Robert, o mais velho mas ainda um pré-adolescente, sofreu um acidente e tem uma perna de pau. O pai, James, é um pai à maneira da época – poucas falas, um tanto temido pelos filhos, nada de exprimir afetos.

Relacionamo-nos sobretudo com os filhos e, quando ouvimos Bunny achamos Robert arrogante e agressivo; quando ouvimos Robert achamos Bunny mimado e manipulador.

Quando a mãe, epicentro quase mudo da narrativa, morre, encontramos James confrontado consigo mesmo.
O que acontece quando o elemento aglutinador da família e dos seus afetos desaparece?
É a pergunta que fica no ar com o equilíbrio perfeito da simplicidade.
De mestre.

Sextante Editora, 2011